segunda-feira, 5 de abril de 2010

Edifício abandonado

segunda-feira, 5 de abril de 2010
O vazio contrasta com as ruas entupidas de gente e carros numa cidade onde falta moradia para uma enorme e crescente parcela da população. O centro velho de São Paulo, onde está localizado esse prédio, é o destino diário da gente que foi despejada nas periferias da cidade e que enfrenta 4 ou mais horas a bordo de um péssimo e caro transporte público para chegar ao trabalho. Além de distantes, essas periferias estão localizadas nas terras desinteressantes para o mercado imobiliário, isto é, nas planícies de inundação de rios que sofrem com sucessivos alagamentos ou em vertentes sujeitas a intensos processos erosivos. Enquanto isso, prédios desocupados povoam a paisagem do centro urbano e o Estado lança mão de políticas públicas de "revitalização", impedindo os empobrecidos de ocuparem esses edifícios e incentivando a instalação de grandes empresas e objetos de luxo no lugar. Pontes estaiadas, túneis e viadutos são construídos para dar fluidez aos carros ao passo que o transporte público, aquele mesmo que cumpre a função de levar a gente das periferias para o centro, torna-se cada vez mais lento. Está instalada, portanto, a política da segregação espacial - aquela onde as pessoas são expulsas das áreas centrais em prol do capital privado - e os engarrafamentos dos carros surgem como tema novo quando, na verdade, os empobrecidos das periferias sofrem há décadas com a perversidade dos que planejam a cidade exclusivamente para atender aos interesses dos agentes sociais hegemônicos. (Foto: Thomas Hobbs)

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