Pedestre motorizado

A larga calçada da Avenida Paulista fica estreita quando, no fim da tarde, as pessoas deixam os prédios de escritórios, todas de uma só vez. Eu e Marcelo Fonseca falávamos de amenidades durante uma curta caminhada em direção ao Shopping Paulista quando, de repente, somos ultrapassados por uma espécie de patinete motorizado. "Olha lá, eu não disse...", reagiu Marcelo ao presenciar a cena que, outrora, vislumbrou para um futuro próximo: a difusão do pedestre motorizado. Um cidadão andava em zigue-zague pela calçada, a bordo de um patinete elétrico, desviando dos pedestres como se fossem meros obstáculos.

Essa nova modalidade de transporte já pode ser notada nos shoppings da cidade, onde os seguranças utilizam os patinetes elétricos, chamados de "Segway", para percorrer os corredores de forma mais eficiente. O equipamento pode atingir 20 km/h, ou dez vezes a velocidade de um pedestre a pé, e custa o mesmo que um carro popular. 

A disputa por espaço nas ruas ganha, pois, um novo componente. Um dia, andar já não fará mais parte da rotina de alguns pedestres privilegiados, que irão optar pelo Segway elétrico para ir à padaria ou percorrer o trajeto entre o escritório e o estacionamento. A rua, então, mais do que nunca, será lugar de passagem, um obstáculo a ser vencido entre um e outro ambiente fechado. Talvez, ao invés de ciclovias, teremos uma estreita faixa para aqueles que insistirem em andar a pé, de modo a eliminar os obstáculos do caminho dos patinetes elétricos. (Foto: Alan)