segunda-feira, 5 de abril de 2010

Monumento

segunda-feira, 5 de abril de 2010
 Inauguração do Monumento a Ramos de Azevedo, em 1934, em frente à Pinacoteca do Estado de São Paulo.

"Não há nada tão invisível quanto o monumento", lembrou Andreas Huyssen ao citar a frase cunhada por Musil para expressar a relação entre monumento e esquecimento. Segundo o autor, "a permanência prometida pela pedra do monumento está sempre erguida sobre a areia movediça". O Monumento a Ramos de Azevedo, de 1934, é um bom exemplo de como o significado e o propósito originais de uma obra podem ser erodidos pela passagem do tempo.
O conjunto escultórico de 13 metros de comprimento por 15 metros de altura foi instalado em frente a um dos mais importantes edifícios projetados por Ramos de Azevedo, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, em 1934, em homenagem póstuma. Contudo, no final da década de 1960, o monumento cedeu lugar a uma larga avenida para os automóveis e, sob críticas, foi transferido para a cidade universitária, onde encontra-se até hoje, próximo à Escola Politécnica.

A re-significação do patrimônio histórico e cultural e os seus desdobramentos na produção da memória social estabelecem uma forte relação com os conflitos de interesses presentes no espaço público. Em outras palavras, na atual concepção de espaço público, um monumento não pode ficar no meio do caminho dos carros. Assim, confinam-se pessoas em condomínios e monumentos em museus (ou em universidades, tanto faz) e celebra-se a cidade construída para a produção facilitada de riqueza.


O mesmo Monumento a Ramos de Azevedo confinado no interior dos muros da Universidade de São Paulo, onde encontra-se hoje.

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