quarta-feira, 22 de setembro de 2010

DIA MUNDIAL SEM CARRO

quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Em pleno Dia Mundial Sem Carro, a Avenida 23 de Maio viveu um dia como outro qualquer, de muito trânsito.
O Dia Mundial Sem Carro, data que incentiva o motorista a experimentar outros modos de transporte, foi comemorado com mais de 100 Km de filas nas ruas e avenidas de São Paulo. Como de costume, o transporte público saturado e a poluição do ar também se mostraram presentes. Afinal, porque a recusa das pessoas em deixar o carro em casa, nem que seja por um único dia? Há várias respostas para essa questão, mas eu vou preferir um outro caminho, o da circulação desnecessária.

“Experimente ir de bicicleta. Ajude a humanizar o trânsito”, diz o cartaz elaborado por ciclistas militantes, onde se pode ver a ilustração de um casal pedalando tranqüilamente, com flores na garupa e sem a companhia de carros ou ônibus. Esse talvez seja o sonho das cerca de 300 mil pessoas que utilizam a bicicleta como meio de transporte em São Paulo. Mas o número pífio de ciclovias – a capital possui pouco mais de 40 Km de vias exclusivas para bicicletas – e a grande quantidade de acidentes envolvendo ciclistas e pedestres evidenciam a cidade destinada, sobretudo, aos carros, não às pessoas. 

O paulistano perde 27 dias do ano no trânsito. A velocidade média de um carro na hora de pico em São Paulo é de 15km/h, ou, em outras palavras, apenas 1km/h mais rápido do que uma galinha. O Metrô de São Paulo transporta diariamente 2,4 milhões de pessoas, boa parte em condições insalubres. O mesmo pode-se dizer dos ônibus e trens metropolitanos. Os investimentos milionários em transporte não dão conta de atender a uma demanda cada vez maior de pessoas circulando pelo espaço. Mas será mesmo que todos esses deslocamentos são necessários? 

Humanizar o trânsito, para usar a expressão do cartaz mencionado no início do texto, é, ao meu ver, humanizar as distâncias que as pessoas têm que percorrer todos os dias na cidade. Não adianta submeter a população a pedalar dez, vinte quilômetros todos os dias rumo ao trabalho, especialmente no sítio urbano de São Paulo, com uma quantidade significativa de ladeiras no sentido periferia-centro. Trata-se, pois, de repensar a cidade, colocando a vida antes da circulação nas prioridades do planejamento urbano. Não é possível que 6 milhões de automóveis saiam às ruas, 2,4 milhões de pessoas embarquem no Metrô... É preciso aproximar moradia, trabalho e serviços. Só assim a bicicleta será viável para a maioria da população e, quem sabe, viadutos serão transformados em jardins suspensos. O Dia Mundial Sem Carro, então, daria lugar ao Dia Mundial Sem Deslocamento Desnecessário.

3 comentários:

Dona da Vida disse...

Adriano,

Estava aguardando ansiosa o retorno do blog. Parabéns pelas novas postagens!!!

bjs

Ana Paula.

Adriano Rangel disse...

Muito obrigado, Ana Paula! Fiquei um tempo sem postar por causa do acúmulo de trabalhos, mas espero poder suspirar mais por aqui. hehe

Dona da Vida disse...

Ah o trabalho! Além de dignificar, danifica! Se cuida.

Bjs

Ana Paula.

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