quarta-feira, 16 de junho de 2010

A cidade em frente à TV

quarta-feira, 16 de junho de 2010
Desligamos a televisão e saímos à rua para ver como São Paulo fica durante um jogo do Brasil na Copa.

A seleção brasileira dava os primeiros toques na bola enquanto eu observava, do canteiro central, o movimento na avenida símbolo de São Paulo, a Paulista. Eram 15h32 e a fila de carros não soava estranha para uma trivial terça-feira na capital paulistana. A única diferença, talvez, eram as buzinas, que hoje anunciavam a festa, a torcida, e não as tão comuns brigas de trânsito. Foi estranho pensar que todas aquelas pessoas estavam indo ao encontro de um aparelho de TV. Eu, junto com os amigos Vanderlei e Humberto, ao contrário, íamos na direção oposta, em busca das ruas da cidade, alheios ao primeiro jogo da seleção, contra a Coréia do Norte, na Copa.


Andamos até a Rua Joaquim Eugênio de Lima, numa das travessas da Paulista, onde há muitos bares. Esperávamos encontrar a rua tomada por torcedores, mas fomos surpreendidos pela audácia dos estabelecimentos em cercar parte da calçada, de modo que apenas quem estivesse dentro dos bares pudesse assistir ao jogo. No entanto, era possível espiar, por meio de uma fresta,.a partida televisionada para o mundo todo.


Nos bares que não adotaram o cerco à televisão, as calçadas estavam cheias, enquanto que, com o avançar do cronômetro, as ruas ficavam livres de carros. Em cerca de meia hora, o dia útil transformou-se numa tarde de domingo, pelo menos até o fim da partida. 


No final do primeiro tempo, justamente na tradicional hora do rush, a paisagem da Avenida Paulista era de uma cidade do interior. Algumas pessoas aproveitavam o jogo para andar de bicicleta pela rua, passear com o cachorro ou simplesmente conversar sem o barulho dos carros. De vez em quando, algumas cornetas lembravam os pedestres da Copa. Todo o comércio estava fechado e os ônibus circulavam vazios.


A tranquilidade da avenida era tanta que foi possível deitar no asfalto. Quis aproveitar o segundo tempo para experimentar um deslocamento na cidade dos sonhos. No ponto de ônibus, algumas poucas buzinas anunciaram o primeiro gol do Brasil. Cinco minutos depois, estava dentro do coletivo que me levaria para casa. Fui em pé, embora o ônibus não estivesse lotado, pois mais gente teve a mesma idéia de sacrificar a Copa em troca de um retorno tranquilo para casa. Quinze minutos depois, percorri o caminho que, todos os dias, desperdiço mais de uma hora para cumprir. Só mesmo a seleção e o fanatismo do brasileiro para dar jeito em São Paulo, no dia em que a cidade parou para assistir televisão.

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