sexta-feira, 11 de junho de 2010

Bicicleta

sexta-feira, 11 de junho de 2010
Márcia, como de costume, passava pela Avenida Paulista com a sua bicicleta rumo ao trabalho. Era janeiro, mês de férias para alguns, e as ruas de São Paulo estavam menos movimentadas, o que não significa que o trânsito estivesse bom - pára-se menos nos engarrafamentos, corre-se mais contra o tempo. Diferente de Márcia, fui ao trabalho de ônibus. No caminho para a Avenida Paulista, motorista e cobrador conversavam entre si. Ambos estavam preocupados com o horário de chegada no ponto final. Então, escutei o cobrador recomendar ao motorista, literalmente: "na volta, a gente chuta o pau para chegar mais cedo". Horas depois, já no trabalho, li uma reportagem na internet sobre um acidente entre um ônibus e uma ciclista. Márcia estava pedalando próximo ao meio fio, quando um motorista apressado resolveu ultrapassa-la violentamente. A manobra mal feita e ilegal fez com que o guidão da bicicleta fosse tocado pelo ônibus, derrubando Márcia que, impotente diante de um veículo pesado, teve a sua cabeça esmagada pelas rodas do coletivo. Márcia Regina de Andrade Prado, 40 anos, não foi a primeira e, lamentavelmente, não é a última a ser assassinada pelo trânsito de São Paulo. As ideologias responsáveis por políticas públicas mal feitas são capazes de matar. Em São Paulo, o trânsito mata mais do que a AIDS, conforme noticiou o jornal Estado de SP.

0 comentários:

Postar um comentário