quinta-feira, 29 de abril de 2010

Relógios

quinta-feira, 29 de abril de 2010
Eu não uso relógio de pulso, porém jamais fico sem saber as horas nas ruas da cidade, mesmo que eu não esteja preocupado com o tempo. Um dia, resolvi contar quantas vezes a cidade me informaria as horas, num percurso de apenas dez quilômetros, percorrido de carro. No total, passei por quatorze relógios em vinte minutos, ou um relógio em menos de dois minutos. No topo dos prédios, nas calçadas, no rádio do carro, estamos sendo constantemente apressados pelo ritmo urbano. Ninguém está impune à tirania do tempo.
Há poucas semanas, os relógios públicos de São Paulo deixaram de funcionar. Não demorou muito para que os cidadãos reclamassem com a Prefeitura e enviassem as suas críticas para a imprensa, que noticiou diariamente a cidade perdida no tempo. As horas deixaram de ser mostradas por conta do fim do contrato publicitário que mantinha os relógios em funcionamento. Em outras palavras, os anúncios publicitários - que ocupam bem mais espaço do que as próprias horas nos relógios públicos - deixaram de existir e, junto com eles, a divulgação das horas. Se não nos dizem "consuma!", também não nos informam, de graça, que horas são e se está frio ou calor. (Foto: Leonardo Augusto)

1 comentários:

Vanderlei Mastropaulo disse...

É muito simbólico que a São Paulo atual, cada vez mais caótica, tenha ficado semanas sem os relógios funcionando. Foi mais um sinal de como a falta de estratégias coerentes de gestão pública e de planejamento urbano nos leva a parar no tempo.

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