sexta-feira, 28 de maio de 2010

Transporte público, interesse privado

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Com dois anos de atraso, o primeiro trecho da Linha Amarela do Metrô paulistano foi entregue à população no início dessa semana. Apenas duas estações - Paulista e Faria Lima - foram inauguradas pelo Governo do Estado, em parceria com a ViaQuatro, empresa privada do grupo CCR que será a responsável pela operação da nova linha do Metrô.

Mesmo com a demora na conclusão do trecho - motivada, em grande parte, pelo desmoronamento das obras da estação Pinheiros, em 2007, provocando a morte de sete pessoas -, as duas estações funcionarão, até novembro, em horários reduzidos: das 9h às 15h, de segunda a sexta-feira, o que as tornam praticamente inúteis para grande parte da população durante esse período. Apenas em 2012, as onze estações da Linha Amarela estarão operando.

A Linha Amarela é objeto da primeira parceria público-privada do país. Durante trinta anos, a empresa ViaQuatro poderá explorar o novo trecho do Metrô, que irá interligar as estações Luz e Vila Sônia. Trata-se de uma linha que atende bairros centrais da cidade, com alto valor da terra e grande especulação imobiliária. 

Tido como um modo de deslocamento eficiente e que transporta, preferencialmente, a classe média, valorizando os imóveis por onde passa, o Metrô é rentável para a iniciativa privada. Assim, o direito de ir e vir, numa cidade onde, cada vez mais, circular é preciso, é explorado com fins lucrativos. É no mínimo contraditório esperar ansiosamente, durante longos anos, por uma nova linha de metrô que atende o centro da cidade enquanto que, nesse mesmo período, quase nada se fez para melhorar a ineficiente circulação do meio de transporte que mais tem demanda de passageiros: o ônibus. (Foto: Gabriel Mestrochirico)

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