terça-feira, 25 de maio de 2010

Feira

terça-feira, 25 de maio de 2010
O grito do feirante ressaltava as qualidades da manga sem caroço. Eram oito horas de uma manhã ensolarada de sábado quando fomos, eu e os alunos do Colégio Raposo Tavares, para o tradicional varejão de um dos maiores centros de comercialização de alimentos do mundo: a CEAGESP, em São Paulo.


O tamanho da feira é capaz de assustar quem, como eu, está mais familiarizado aos sacolões dos supermercados. Debaixo de um galpão com pé direito alto, sem paredes laterais, o varejão é, sem dúvida, a feira mais organizada que eu já visitei. A enorme variedade de frutas, verduras e legumes é disposta em setores bem delimitados, de modo que os cheiros das hortaliças não se misturam com as cores das uvas.

O burburinho dos feirantes se confunde com o barulho dos caminhões que, nas ruas laterais, não param de ir e vir com os produtos do campo. O nosso objetivo ali, afinal, era o de descobrir de onde vinha aquele monte de produtos agrícolas, de diferentes tipos, tamanhos, sabores e, claro, preços.

Os estudantes despertaram o interesse dos habitués do varejão. Com os seus cadernos a postos, tentavam anotar a diversidade de morangos, tomates e batatas que os olhos podiam enxergar. Perguntavam sobre a origem dos produtos, o tamanho da propriedade rural onde os alimentos eram plantados, qual é o meio de transporte utilizado e quanto tempo levou para o produto chegar ali. Espantavam-se ao descobrir que algumas frutas vinham do nordeste ou, em alguns casos, de outros países.

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CEAGESP, um dos maiores centros atacadistas de alimentos do mundo

Por Lívia Fioravanti*

A Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo) surgiu em 1969 da fusão de duas empresas mantidas pelo Governo de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento (Ceasa) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Cagesp). Sua história se relaciona com a do Mercado Municipal Paulistano (Mercadão): a partir de dos anos 1960 houve maior necessidade de abastecimento de produtos agrícolas, logo, de um entreposto comercial mais amplo que o Mercado Municipal, com estrangulamento no volume da comercialização e no congestionamento do trânsito em seus arredores. A Ceagesp é próxima da Marginal Pinheiros, o que facilita a circulação das mercadorias. Já o Mercado Municipal de São Paulo, na região central da cidade, é distante de grandes avenidas, o que dificultava o tráfego intenso de caminhões. A Ceagesp apresenta 700 mil m 2, área 17 vezes maior que a do Mercado Municipal Paulistano.

No final dos anos 1970, a Ceagesp é descentralizada: atualmente, no interior de São Paulo existem 32 armazéns, sendo 11 deles entrepostos de armazenamento e comercialização. Normalmente próximas de pólos de produção e consumo, as unidades da Ceagesp da capital e do interior apresentam capacidade para armazenar mais de um milhão de toneladas. A Ceagesp é um dos maiores centros atacadistas de alimentos do mundo. O entreposto é superado apenas pelos mercados de Paris e Nova York e tornou-se o terceiro centro de comercialização de perecíveis do mundo e o maior da América Latina. Na Ceagesp, diariamente circulam 50 mil pessoas, 8 mil caminhões com carga e cerca de 10 mil toneladas de frutas, verduras, legumes, pescados e flores. A movimentação de mercadorias na Ceagesp é responsável por, aproximadamente, 70 % do que é consumido no estado de São Paulo. A estrutura física da Ceagesp pertence ao Governo, que concede permissão para os produtores rurais utilizarem os boxes. Existem cerca de 3.500 vendedores, todos com autorização para utilizar determinado local e com a qualidade de seu produto avaliada.

*Lívia Fioravanti é geógrafa e professora da rede municipal de ensino de São Paulo.

**Estes textos foram publicados no blog Quintal Escolar, dedicado ao trabalho de campo realizado com os alunos do 1º ano do ensino médio do Colégio Raposo Tavares, em São Paulo.

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